Arquivo em Cartaz anuncia vencedores do troféu batoque em 11 categorias

Nove filmes – longas, médias e curtas são escolhidos na segunda edição do festival internacional

 

O Arquivo em Cartaz exibiu 54 filmes nacionais e internacionais, em 33 sessões de cinema, em pré-estreias e retrospectivas, mostras temáticas, exposição, oficinas e colocou em debate reflexões com foco na memória, história e patrimônio cinematográfico. Reuniu públicos diversificados, incentivou a formação, o diálogo, a utilização de imagens de arquivo como fonte de inspiração artística e conhecimento científico em três espaços – Arquivo Nacional, No espaço Cultural BNDES e a partir de hoje, até o dia 16, no Cine Arte UFF.

 Com o objetivo de dar visibilidade e estimular a pesquisa, o acesso e utilização de imagem de arquivo em novas criações e produções, entra em cena a Mostra Competitiva e a Mostra Oficina Lanterna Mágica do Arquivo. Os vencedores foram agraciados com o Troféu Batoque, que leva o nome do artefato em torno do qual a película é enrolada, seu núcleo, que lhe confere forma e sustentação. O Troféu Batoque simboliza, assim, a preservação de filmes, razão primeira do festival.

 Os ganhadores nas categorias de Melhor Filme (longa, média e curta) serão contemplados também com até 10 minutos de imagens em movimento do acervo do Arquivo Nacional. A categoria de Melhor Uso de Imagem de Arquivo ganha o prêmio batizado de Jurandyr Noronha, homenagem a esta personalidade que dedicou sua longa vida ao cinema. O CTAv, parceiro do evento, também premia o Melhor Curta-Metragem com serviços de edição de imagem.

 Confira os vencedores em cada categoria:

MOSTRA COMPETITIVA:

MELHOR LONGA: Uncle Tony, Three Fools and the Secret Service, de Mina Mileva e Vesela Kazakova

MELHOR MÉDIA: As Incríveis Histórias de um Navio Fantasma, de André Bomfim

MELHOR CURTA: Rebobine, de Juliana Ludolf

MELHOR DIREÇÃO: Tiempo Suspendido, de Natalia Bruschtein

MELHOR ROTEIRO: Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil, de Belisario Franca

MELHOR EDIÇÃO DE IMAGEM: Menino 23: Infâncias Perdidas no Brasil, de Belisario Franca

MELHOR PESQUISA: Imagens do Estado Novo 1937-1945, de Eduardo Escorel

MELHOR USO DE MATERIAL DE ARQUIVO: As Incríveis Histórias de um Navio Fantasma, de André Bomfim

MELHOR FILME – JÚRI POPULAR: Imagens do Estado Novo 1937-1945, de Eduardo Escorel

 MOSTRA OFICINA LANTERNA MÁGICA:

MELHOR FILME – JÚRI OFICIAL: Grão de Memória, Flávia Beatriz de Nazareth, Rafael Moreira e Tatiane Mendes

MELHOR FILME – JÚRI POPULAR: Amazonas Tilt, de Descartes Jr., Germano Weiss, João de Campos, Marcelo Aragão e Vanessa Rocha

“O Arquivo em Cartaz se consolida como o mais importante festival de cinema com imagens de arquivo do Brasil. Eu me sinto muito gratificado por presidir um evento como esse, com a sua importância e sua dimensão. Nós já assinamos o protocolo de intenção para a mostra de 2017 e posso adiantar que teremos um festival ainda maior”, revelou o diretor geral do Arquivo Nacional, realizado do evento em parceria com a Universo Produção, José Ricardo Marques.

A cerimônia foi abrilhantada ainda pela homenagem ao ator, diretor e produtor Haroldo Costa, representando a temática central desta edição, os 100 anos de samba, e ao fotógrafo, montador e conservador Chico Moreira, em consonância com a razão primeira do festival: difundir e ampliar o uso e a importância dos acervos fílmicos, contribuindo, assim, para a conservação e difusão do audiovisual como ferramenta para a preservação e construção da memória nacional. Fechando com chave de ouro a segunda edição do evento, o músico Tantinho se apresentou com a Bateria da Mangueira.

 RETROSPECTIVA

O Arquivo em Cartaz teve início na segunda, 11 de novembro, com uma programação plural, inteiramente gratuita. O festival contou com a exibição de 54 filmes nacionais e internacionais (longas, médias e curtas) em 33 sessões de cinema, divididas em oito mostras temáticas: Mostra Competitiva, Mostra Pré-Estreias, Mostra Homenagem, Mostra Acervos, Mostra Arquivo N, Mostra Arquivo Faz Escola, Mostra Arquivos do Amanhã e Mostra Oficina Lanterna Mágica. A agenda do evento incluiu ainda oficinas, workshop internacional e debates. As atividades foram sediadas no Arquivo Nacional e no BNDES.

 A Mostra Pré-Estreias exibiu três longas brasileiros: Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga, Memória em verde e rosa, de Pedro Von Krüger, e o longa  Divinas Divas, de Leandra Leal. A Mostra Homenagem celebrou o trabalho e a vida de Haroldo Costa e Chico Moreira, com Aviso aos navegantes, de Watson Macedo (1950), Haroldo Costa – o nosso Orfeu, de Silvio Tendler (2015); Heliorama, de Ivan Cardoso (2004); o raro Pista de Grama, de Haroldo Costa (1958) e Tanga – Deu no New York Times, de Henfil (1987).

 A Mostra Acervos representa um dos pilares centrais do evento e é realizada em parceria com outras instituições de guarda. Assim, foram exibidos curtas enviados pelo Centro Técnico do Audiovisual - CTAv: Memória do Carnaval, de Alice Gonzaga (1975); pela Cinemateca Brasileira, Nelson Cavaquinho, de Leon Hirszman (1969); pela Cinemateca do Mam, O que foi o carnaval de 1920!, de Alberto Botelho (1920). O Arquivo Nacional apresentou o curta Abre Alas, de Ana Moreira (2016). A seleção promove a preservação e difusão de acervos filmográficos e da memória do cinema, trazendo produções sob guarda de instituições científicas, educacionais e arquivísticas a fim de aproximar o público dos acervos e contribuir para a difusão de filmes antigos e películas restauradas.

 Uma novidade trazida pelo evento em 2016 foi a Mostra Arquivo N. Assim, entraram em cartaz Maria Bethânia; Gonzaguinha e Cartola.

 Uma importante iniciativa promovida pelo evento a fim de sensibilizar os estudantes sobre a importância do audiovisual e o resgate histórico é a Mostra Arquivo Faz Escola. Assim, com o objetivo de promover a utilização do cinema como uma ferramenta de aprendizado e despertar o interesse pela produção nacional, foram exibidos A Alma Roqueira de Noel, de Alex Miranda (2011); Trinta, de Paulo Machline (2014); e O samba que mora em mim, de Georgia Guerra-Peixe (2011). Complementando esta ação, foi realizada a Mostra Arquivos do Amanhã, com a seleção de três curtas produzidos por jovens, incentivando assim a produção de registros audiovisuais a partir do ponto de vista de crianças e adolescentes.

 A Mostra Oficina Lanterna Mágica exibiu sete filmes produzidos durante a oficina ministrada pelo cineasta Joel Pizzini: Cinejornal Censurado (Hors Concours), de Claudio Muniz, Denise de Morais Bastos, Heliene Nagasava, Marcos Cândido Grã e Thiago Câmara de Paula (2016); Amazonas Tilt, de Descartes Jr., Germano Weiss, João de Campos, Marcelo Aragão e Vanessa Rocha (2016); Arquivos de Infâncias, de Adriana Fresquet e Marta Chamarelli (2016); Do Povo, de Felipe Leão, Paula Lacerda e Hud Figueiredo (2016); Grãos de Memória, de Flávia Beatriz de Nazareth, Rafael Moreira e Tatiane Mendes (2016); Outros 500, de Sylvia Nemer, Luiz Henrique Ramos e Gabriel Massena – a partir do projeto de Sylvia Nemer (2016); e Xana Nina Nã, de Lucilia Zardo, Nataraj Trinta e Tassiana Catein (2016).

 DEBATES, OFICINA E WORKSHOP

Três debates marcaram esta edição do Arquivo em Cartaz, todos eles integrados às temáticas abordadas pelo evento, como a memórias do samba e os desafios da preservação audiovisual. Assim, Haroldo Costa e Tantinho estiveram reunidos, na terça, sob mediação do jornalista Pedro Tinoco, para a mesa “Memórias do Samba – A trajetória de Haroldo Costa e Histórias do Samba”.

 Na quarta, o tema foi “Por dentro dos arquivos – desafios para a gestão, preservação e acesso aos acervos audiovisuais, com Bia Paes Leme, coordenadora de música do Instituto Moreira Salles; Débora Monteiro, gerente de Acervo do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro; e Nilcemar Nogueira, do Museu do Samba. No último debate, “Difundindo, criando e preservando a memória – As múltiplas potencialidades das imagens de arquivo em novas produções”, a conversa girou em torno do crescimento de arquivos audiovisuais e sobre as dificuldades de acesso e possibilidades de uso, com Luciana Savaget, da GloboNews, e Rica Marques, do Acervo da TV Globo.

 Além das cinco oficinas técnicas, realizadas com o propósito de contribuir para o aperfeiçoamento das práticas referentes à conservação de acervos e estimular a capacitação de profissionais de arquivo, o festival contou com o workshop “Investigação em Arquivos”, com a convidada internacional Laura Tusi, da Argentina. No total, foram disponibilizadas 130 vagas para o público.

 PROGRAMAÇÃO CONTINUA NO CINE ARTE UFF, EM NITEROI

O festival se despediu nesta sexta do Arquivo Nacional e parte para o Cine Arte UFF, onde ficará até o dia 16. Lá serão exibidos os filmes da Mostra Homenagem – “Haroldo Costa – O nosso Orfeu”, “Heliorama”, “Aviso aos Navegantes”, “Deu no New York Times” e “Pista de Grama” –, de sexta (11) a segunda (14) e dos vencedores da Mostra Competitiva, na terça (15) e na quarta (16).